Conexões Comunitárias

A potência de olhar para fora do museu é constituída das relações que se estabelecem entre os públicos, entre os educadores e o público e entre esses sujeitos e a região geográfica que ocupam. Nas conexões comunitárias, projetos que entremeiam o museu e os contextos geográficos fertilizam as ideias e proposições de convivência na região e na cidade.

Entre Museus

O Entre Museus é um convite para as crianças e os jovens, moradores vizinhos do Museu do Amanhã, a entrarem e explorarem espaços dedicados às artes e a ciência, espaços de cultura de diferentes tempos e formas. Nessa viagem – com o trajeto sempre acompanhado por um historiador, os participantes também descobrem um grande museu à céu aberto: a sua própria cidade, e o mundo que existe em cada um de seus museus. O projeto foi criado para fomentar a visitação aos museus e promover formação cultural contínua para um público jovem através do intercâmbio entre museus, entre os museus e o público, e entre museus e a cidade, ampliando assim o seu conhecimento de seu público. Nas duas primeiras edições, mais de 2.000 jovens visitaram 21 museus da cidade do Rio de Janeiro e arredores. Durante o período de pandemia criamos uma versão virtual, o Entre Museus Hoje,  que tem o objetivo de levar “pílulas de conteúdo” audiovisuais – vídeos gravados – com destaque para os acervos e conteúdos dos museus parceiros e outros museus da cidade e para além dela. Expandimos assim o nosso mapa e ampliamos as oportunidades de conhecimento dos jovens, nossos vizinhos, e daqueles que têm menos acesso aos conteúdos apresentados.

Mauá 360

A partir da estátua do Barão de Mauá, erguida no centro da praça que leva seu nome, e onde localiza-se o Museu do Amanhã, um giro de 360º revela passado, presente e futuro da cidade do Rio de Janeiro sob a ótica da história, da arquitetura e da paisagem de seus arredores. Ontem, hoje e amanhã em um só lugar. O Mauá 360 é um programa originalmente criado para os Vizinhos do Museu do Amanhã, moradores da região portuária do Rio. Ele é um convite para o encontro; para compartilhar e aprofundar nosso conhecimento sobre essa região da cidade, uma oportunidade para debater e participar de suas transformações. O programa oferece seminários, aulas e ações culturais, um convite que se estende a toda a cidade do Rio de Janeiro. Cada edição aborda uma temática relevante, que visa compartilhar informações preciosas de uma das regiões mais interessantes da cidade do Rio, contadas por especialistas e conhecedores dos temas em questão e por seus moradores. Em 2019, o programa passou por sua quinta edição, abordando um dos temas estruturantes do museu: a alimentação. O projeto prevê formação com os educadores e colaboradores do museu sobre a região, para que compreendam a região onde trabalham e estejam aptos a apresentar a região aos visitantes. O projeto também se desdobra em visitas externas, com recursos acessíveis, pela região portuária à pé ou com bicicleta + bicicletas acessíveis para pessoas com deficiências.

Vivências do Tempo

É uma linha de pesquisa programática que procura aproximar os nossos diversos públicos à riqueza de possibilidades existenciais que as muitas brasilidades que somos nos permitem explorar. Se desenvolve através do conjunto de vários formatos como palestras, debates, performances, que tem como objetivo criar uma programação variada para, nas palavras do curador “o visitante explorar o Tempo como um Viver”. A pergunta que nos orienta é: Como pensamos o tempo em um país com uma diversidade cultural como a nossa, que se conecta com tantas outras referências culturais pelo mundo? Sua primeira edição tratou do tempo da Matriz Africana. Para tal criamos a Comissão da Matriz Africana do Museu do Amanhã, que junto à nossa equipe criou uma programação de uma semana, que incluiu feira gastronômica, apresentações artísticas, oficinas, rodas de conversa, roda de Jongo, apresentação de filmes, debates e um seminário internacional com o foco no recém eleito patrimônio da humanidade pela UNESCO, o Cais do Valongo, nosso vizinho. A segunda edição trouxe o tema Matriz Indígena – A Ecologia das Línguas, tema que se conectou com o Ano Internacional das Línguas Indígenas pela UNESCO. Com duas apresentações, a primeira o Encontro Mi Mawai promoveu a convergência entre as sonoridades da música urbana contemporânea e a música indígena Huni Kuin do músico Txaná Ikakuru; a segunda com a intervenção artística “Outra gente”, montada a partir da realização do laboratório de criação intitulado ‘Desenhos de escrita’, idealizado com a intenção primeira de ler coletivamente o livro A queda do céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, e assim constituir um espaço de pesquisa e criação.

Coral Uma Só Voz

É um coral formado por pessoas em situação de rua, que se encontram semanalmente no Museu do Amanhã para cantar, dividir histórias e encontrar apoio e conforto por meio da arte, a partir de uma coordenação musical e de mediação social. Como parte do processo, acontece quinzenalmente a ação Papo Reto, uma roda de conversa que se desenvolve em três etapas: conversas sobre a relação dos coralistas com o museu, sua relação com a rua e encaminhamentos. As conversas se dão em parceria com o Centro Pop para documentação, com a possibilidade de encaminhamento para cidade natal, abordagem de questões judiciárias, encaminhamento para abrigos e hotéis populares, e orientação sobre questões de saúde física e mental. As atividades são desenvolvidas pelo museu com diversos parceiros, entre eles a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos.  Desde maio de 2016, os corais Uma Só Voz existem na cidade do Rio de Janeiro, compostos por pessoas em situação de rua e ex-moradores de rua. Tiveram início a partir da iniciativa internacional With One Voice, capitaneada pela ONG Streetwise Opera, na Inglaterra, durante a Olimpíada de Londres, em 2012. Liderados no Brasil pela ONG People’s Palace Project, o projeto passou três anos pesquisando e fomentando parcerias. O resultado foi a criação dos corais Uma só Voz e o desenvolvimento de uma programação especial que integrou a celebração cultural olímpica na capital carioca, com apoio das organizações British Council, Calouste Gulbenkian Foundation e Macquarie Group Foundation. O primeiro contato com o IDG resultou no aprofundamento do projeto na Biblioteca Parque Estadual do centro da cidade do Rio de Janeiro, e em seguida no Museu do Amanhã, onde cresce e permanece.

Vamos Falar Sobre Isso?

É uma plataforma que tem por objetivo estimular debates sobre mediação social a partir de espaços culturais. Trata de temas pertinentes ao Museu do Amanhã, situações observadas no dia-a-dia, questões trazidas pelos nossos colaboradores, aprofundamento em temas da atualidade, sempre definidos em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH). O Vamos Falar Sobre Isso? convida o público a explorar novas possibilidades de pensamento a respeito dos temas abordados e a compartilhar suas experiências trazendo à tona problemas em comum que frequentemente são deixados de lado na sociedade. A participação ativa do público é o objetivo principal do encontro. Acontece bimestralmente e conta com a mediação da equipe de Relações Comunitárias e Educação do Museu do Amanhã, e convida cerca de 4 a 6 especialistas nas áreas abordadas, que dão início ao diálogo.